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quarta-feira, 9 de maio de 2018

Conatus: desejando viver ou vivendo desejando


Ser humano: desejo, por Rafael Delfino
Viver é desejar; desejar é viver. Enquanto vivemos, desejamos. Enquanto desejamos, vivemos. Cessar de desejar implica em cessar de viver: morte. Ora, a existência pode ser concebida como um esforço perpétuo de viver. Uma vez que todos preferem viver a morrer, cada ser esforça-se para perserverar no seu ser. Este princípio natural de autoconservação é chamado por Baruch Espinosa de conatus.
O que é o conatus? O termo conatus vem do latim e significa esforço. Segundo Espinosa, este esforço é um impulso de autopreservação, um instinto de autoconservação, uma pulsão de autoperserveração na existência ou uma tendência duradoura de viver. Em resumo, conatus é uma potência permanente de existir, resistir e agir.
Para Espinosa, todo ser humano é dotado de conatus – potência interna de autopreservação. Este esforço perene para permanecer na existência constitui a essência da humanidade. Esta essência varia segundo a intensidade da nossa capacidade de autoperseveração. Quando os nossos desejos são realizados, a potência do nosso conatus aumenta. Quando os nossos desejos são frustrados, a força do nosso conatus diminui.
Enquanto conatus, Espinosa afirma que somos essencialmente desejo. Ora, desejo é potência e não carência. Ele é a força que nos move e nos comove. Não existe desejo que não seja ativo nem ato que não seja desejado. Desse modo, andamos porque desejamos caminhar; paramos porque desejamos descansar; comemos porque desejamos nos alimentar; bebemos porque desejamos nos refrescar; durmimos porque desejamos repousar; vivemos porque desejamos existir. O que isso significa? Isso significa que jamais começamos uma ação sem desejá-la. Sem o desejo, não haveria ação.
Com efeito, a originalidade do pensamento de Espinosa reside em afirmar que o princípio constitutivo do homem é o desejo e não a razão. Em vez de ser originalmente uma substância pensante , o homem é um ser primordialmente desejante. Assim, Espinosa não concebe o desejo como uma fonte do mal, uma paixão perversa ou uma pertubação na alma. Ele argumenta que o desejo é o motor subjacente ao homem.



Spinoza: o canatus e a liberdade humana


Resumo: Este artigo tem por objetivo compreender o papel representado pelo conceito de conatus na filosofia de Baruch de Spinoza. Partindo da leitura da da Ética III buscaremos reconstruir a teoria da afetividade postulada pelo filósofo para demonstrar como a noção de conatus opera ao mesmo tempo como perseveração na existência e afirmação do desejo. O passo posterior será projetar uma unidade entre o existir e o desejar como a base para o correto entendimento da concepção de liberdade desenvolvida por Spinoza na parte V de sua Ética. Palavras-chave: Spinoza, Conatus, Liberdade, Desejo, Ética. O desejo é a essência da realidade. (Jacques Lacan)

Segue link para a publicação na íntegra

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O conatus, em Spinoza


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Em Spinoza[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Baruch Spinoza
Conatus é um tema central na filosofia de Bento de Spinoza (1632–1677). De acordo com Spinoza, "cada coisa, à medida que existe em si, esforça-se para perseverar em seu ser " (Ética, parte 3, prop. 6). Spinoza apresenta algumas razões para acreditar nisso. Primeiro, as coisas particulares são, como ele diz, os modos de Deus, o que significa que cada um expressa o poder de Deus em uma maneira particular (Ética, parte 3, prop. 6, dem.). Além disso, nunca poderia ser parte da definição de Deus que seus modos contradigam um ao outro (Ética, parte 3, prop. 5); cada coisa, entretanto, "opõe-se a tudo que possa tirar sua existência " (Ética, parte 3, prop. 6, dem.). Esta resistência à destruição é formulada por Spinoza em termos de um esforço para continuar a existir, e conatus é a palavra que ele mais usa frequentemente para descrever esta força.[32]
O esforço de perseverança não é simplesmente algo que uma coisa faz, além de outras atividades, que pode acontecer de essa coisa se ocupar. Ao contrário, esforçar-se é "nada mais que a essência verdadeira da coisa" (Ética, parte 3, prop. 7). Alguns estudiosos de Spinoza tomam esta frase para dizer que uma coisa é, em última análise, nada mais que um conatus.[carece de fontes] Spinoza também usa o termo conatus para se referir a conceitos rudimentares de inércia, como Descartes fez anteriormente.[2] Uma vez que uma coisa não pode ser destruída sem a ação de forças externas, movimento e repouso, também, existem indefinidamente até sua perturbação.[33]

Manifestação comportamental[editar | editar código-fonte]

O conceito de conatus, como usado na psicologia de Bento de Spinoza, é derivado de fontes tanto antigas quanto medievais. Spinoza reformulou princípios que os estoicosCíceroDiógenes Laércio, e especialmente Hobbes e Descartes desenvolveram.[34] Uma mudança significativa que ele fez na teoria de Hobbes é sua crença de que o conatus ad motum, (conatus para movimento), não é mental, mas material.[35]
Spinoza, com seu determinismo, acreditava que o homem e a natureza devem ser unificados sob um conjunto consistente de leis; Deus e a natureza são um só, e não há livre-arbítrio. Contrário à maioria dos filósofos de seu tempo e em acordo com a maioria dos filósofos atuais, Spinoza rejeitava a hipótese dualística de que mente, intencionalidade, ética, e liberdade devem ser tratadas como coisas separadas do mundo natural dos eventos e objetos físicos.[36] Sua meta era fornecer uma explicação unificada de todas estas coisas dentro de um quadro naturalista, e sua noção de conatus é central para este projeto. Por exemplo, uma ação é "livre", para Spinoza, somente se ela surge da essência e do conatus de uma entidade. Não pode haver liberdade absoluta e incondicional da vontade, uma vez que todos eventos no mundo natural, incluindo as escolhas e ações humanas, são determinadas de acordo com as leis naturais do universo, que são inevitáveis. No entanto, uma ação ainda pode ser livre no sentido de que não é restringida ou, de outra forma, sujeita a forças externas.[37]
Seres humanos são, portanto, parte integrante da natureza.[33] Spinoza explica o aparentemente irregular comportamento humano como verdadeiramente "natural" e racional e motivado por este princípio do conatus.[38] No processo, ele substitui a noção de livre-arbítrio pelo conatus, um princípio que pode ser aplicado a toda a natureza e não apenas ao homem.[33]

Emoções e afetos[editar | editar código-fonte]

A visão de Spinoza sobre a relação entre o conatus e os afetos humanos não é clara. Firmin DeBrabander, professor assistente de filosofia do Maryland Institute College of Art, e António Damásio, professor de neurociência da Universidade do Sul da Califórnia, argumentam que os afetos humanos surgem do conatus e da condução perpétua em direção à perfeição.[39] De fato, Spinoza declara em sua Ética" que a felicidade, especificamente, "consiste de uma capacidade do ser humano de preservar a si mesmo ". Este "esforço" também é caracterizado por Spinoza como a "fundação da virtude".[40] Por outro lado, uma pessoa se entristece por qualquer coisa que se oponha ao seu conatus.[41]
David Bidney (1908–1987), professor da Universidade Yale, discorda. Bidney associa intimamente o "desejo", um afeto primário, ao princípio de conatus de Spinoza. Este ponto de vista é apoiado pelo Scholium de IIIP9 da Ética que declara, "Entre apetite e desejo não há diferença, exceto que desejo é geralmente relacionado aos homens na medida em que eles estão conscientes do apetite. Então desejo pode ser definido como o apetite junto com a consciência do apetite."[2] De acordo com Bidney, este desejo é controlado por outros afetos, prazer e dor, e portanto, o conatus se esforça em direção ao que causa alegria e evita o que produz dor.[42] (...)"

Fonte: Wikipedia

O conatus e a democracia no tratado político de Benedictus de Spinoza, por Carlos Wagner Benevides Gomes

O conatus e a democracia no tratado político de Benedictus de Spinoza, por Carlos Wagner Benevides Gomes1

The Collective Conatus and Democracy in Benedictus de Spinoza’s Political Treatise Carlos Wagner Benevides Gomes1

Resumo: Benedictus de Spinoza (1632-1677) propôs uma filosofia política baseada numa ontologia. Analisando os regimes políticos como a monarquia e a aristocracia, Spinoza define a Democracia como o mais natural regime político fundado por um povo livre. A conclusão do filósofo é que devemos investigar as causas de conservação destes regimes políticos segundo o entendimento das paixões humanas. No Tratactus Politicus, Spinoza explica o conceito de conatus, ou o esforço do indivíduo para perseverar na existência, também apresentado na sua obra maior Ética. A diferença é que, no Tratactus, ao contrário da Ética, o conatus se refere ao indivíduo coletivo, ou seja, o Estado democrático. A partir da leitura do Tratactus Politicus e da Ética de Spinoza, temos o objetivo neste artigo de apresentar as questões sobre o Direito natural e o Direito Civil, o conatus coletivo e a Democracia. Portanto, a defesa da Democracia como uma política favorável no texto spinozista, deve-se ao fato de que o Direito Natural e o Direito Civil se complementam e a maior potência do Estado é a potência da multidão representada pelo conatus coletivo. Palavras-chave: Spinoza; Democracia; Ética; Política.


Pulsão de vida, pulsão de liberdade: o conceito de conatus na ética de Spinoza


André Luis Bonfim

Resumo


Com o presente trabalho temos como objetivo explicitar um conceito central na Ética, de Espinosa: o conatus. Nossa estratégia consiste em evidenciar, a partir de uma análise do percurso do conatus no Livro III da presente obra, que a explicitação de tal conceito é fundamental para compreensão de um tema que, como vários comentadores do racionalista já destacaram, é o centro em torno do qual Espinosa escreve sua obra capital: a liberdade. Segundo a perspectiva espinosana, o homem, embora esteja sempre necessariamente sujeito às paixões e à força das causas exteriores (afecções), ou seja, à servidão, pode vir a tornar-se livre, visto que o mesmo é dotado de conatus, isto é, um esforço para perseverar na sua existência. Pretendemos evidenciar que o conatus pode ser entendido em termos de uma pulsão de vida e que tem por corolário ser a alternativa para o homem entre liberdade e servidão.
Texto completo: PDF

http://www.uvanet.br/helius/index.php/helius/article/view/47

Cristiano Rezende, filósofo, estudioso de Spinoza





Acadêmico
FORMAÇÃO ACADÊMICA
Doutorado em Filosofia
2004 - 2009
Universidade de São Paulo 
Título: Intellectus Fabrica: Um ensaio sobre a teoria da definição no Tractatus De Intellectus Emendatione de Espinosa
Luiz Henrique Lopes dos Santos. Palavras-chave: Filosofia; Espinosa; intelecto; imanência; lógica; definição. Grande área: Ciências HumanasGrande Área: Ciências Humanas / Área: Filosofia / Subárea: Lógica. Grande Área: Ciências Humanas / Área: Filosofia / Subárea: Epistemologia.

Mais sobre a biografia do filósofo

https://www.escavador.com/sobre/3949177/cristiano-novaes-de-rezende

Lista de livros Spinoza



http://www.filosofia.ufc.br/documentos/artigos-revista/spinoza.pdf